A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada para investigar o Movimento dos Trabalhadores Rurais aajogo -Sem Terra (MST) fará diligências nesta sexta-feira (11) nos assentamentos Ouricuri I, II e III, no município de Atalaia (AL).
Continua após publicidade
Os integrantes do movimento estão preparados para mostrar aos deputados as conquistas da luta pela terra na região. "Nossa expectativa é apresentar e debater com os deputados o papel que cumpre a reforma agrária para o desenvolvimento do campo, em especial, de Alagoas", afirmou Débora Nunes, coordenadora do movimento no estado, sob a expectativa da visita. A militante também fez críticas ao objetivo da CPI. "Do ponto de vista do objeto, do fato determinado da CPI, ela já nasceu morta. Já nasceu com relatório pronto", afirmou.
O pedido de vistoria foi feito pelo deputado bolsonarista Delegado Fábio Costa (PP-AL), com o objetivo de fiscalizar curso de bacharelado em agroecologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). O curso é oferecido pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). O deputado diz que recebeu denúncias contra os assentamentos.
"Uma visita presencial dos membros da Comissão permitirá que eles avaliem o local de funcionamento, a existência de alojamentos, se funcionam em imóvel próprio ou alugado e, caso funcionem em imóvel alugado, que coletem as informações pertinentes ao mesmo", diz o requerimento.
A reportagem do Brasil de Fato esteve nos assentamentos que receberão a vistoria desta sexta. O local é um polo da distribuição de conhecimento em agricultura para os trabalhadores rurais. "Quando eu vou para a universidade, eu tenho responsabilidade com a minha comunidade. Qualquer conhecimento que eu tenho eu compartilho com eles", explicou a graduanda Maria do Bosque.
O primeiro curso superior em agroecologia pelo Pronera nasceu em 2018 pela parceria entre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Ufal, a partir da demanda dos movimentos sociais do campo. É um importante capítulo na luta pela educação do campo e pela Reforma Agrária em Alagoas.
"Para nós, é uma surpresa muito grande saber que o Pronera será investigado. Porque, enquanto foi retirado o orçamento do Pronera, os deputados estão preocupados se tem alguma irregularidade onde está sendo acolhida a primeira turma, o orçamento do Pronera não foi orçado esse ano, nem os anos anteriores. Os deputados deveriam se preocupar é como está o orçamento para inserir mais trabalhadores nas universidades", disse a graduanda Margarida da Silva, que também é da direção estadual do MST.
Edição: Thalita Pires
Relacionadas
Depoimento de 'ex-militantes' na CPI do MST evidencia articulação do bolsonarismo em áreas rurais, diz movimento
Alvo da CPI, curso do Pronera expande agroecologia em área marcada pelo trabalho escravo em AL
Outras notícias
Comissão do Senado aprova PEC para tornar crime porte e posse de qualquer quantidade de drogas
O que é a 'Craco Resiste', alvo de CPI em São Paulo que mira ONGs e padre Julio Lancellotti
Arquidiocese de São Paulo publica nota em apoio a padre Julio Lancellotti após repercussão de CPI
Quem Somos
Parceiros
Publicidade
Contato
Newsletters
Política de Privacidade
Redes sociais:
Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.